Consideremos a nação brasileira como um sujeito possuidor de uma psique. O governo, o poder executivo, seria o eu; as instituições que o apoiam, o legislativo e o judiciário, fariam parte de todo o complexo do eu, regulador dos processos conscientes dentro da personalidade nacional, e que, ainda assim, comporta também certas instâncias inconscientes. O povo brasileiro, com suas numerosas instituições, representaria o inconsciente coletivo. Os diversos partidos personificariam os vários complexos pessoais inconscientes, que podem ou não se tornar mais ou menos conhecidos e identificados ou integrados ao eu.
Uma transposição do esquema psíquico para a nação brasileira. |
Na medida em que um partido tradicional permanece no governo, uma atitude de longa data insiste em continuar. Nada muda. Os partidos e os rebeldes ao governo ficam no "inconsciente", fora do eu, e, por isso conservam-se infantis, primitivos e desvalorizados. Ao assumir o governo, podem expressar traços dessas características. Exemplos disso é o modo como o governo, apesar de haver revitalizado a condição dos mais pobres, tratou tudo isso: a corrupção, a pretensão de que se poderia esbanjar dinheiro em programas sociais sem um limite mais real - talvez por ser o governo - sem que houvesse consequências, acreditar que o Brasil não estava em crise, etc.
Se alguma parte dos "poderes" do eu, devido à rigidez deste, também fica longo tempo reprimida, acaba por manter-se subdesenvolvida e ingênua. Na medida em que são violentamente reprimidos, acabam conspirando para tornarem-se novamente visíveis e considerados parte do todo. À medida que o tempo passa, o tradicional governo se desgasta, pois não pode oferecer nada novo, já que realiza o que sabe, mas que é, ainda assim, insuficiente para abranger e praticar justiça ao todo. Produzir algo diferente é adotar a perspectiva oposta, que é considerada inimiga ou diabólica. Aliás, o novo sempre é diabólico, já que sua implantação requer um rebuliço no que é percebido como "normal": tudo vira um caos até que a ordem relativa ao novo se estruture e acomode a todos. Ao longo da história, isso ocorreu com várias inovações que quebraram antigos costumes: o rock, a ciência sobre a religião, seitas modernas, uma nova moda, um costume recente, etc.
Se alguma parte dos "poderes" do eu, devido à rigidez deste, também fica longo tempo reprimida, acaba por manter-se subdesenvolvida e ingênua. Na medida em que são violentamente reprimidos, acabam conspirando para tornarem-se novamente visíveis e considerados parte do todo. À medida que o tempo passa, o tradicional governo se desgasta, pois não pode oferecer nada novo, já que realiza o que sabe, mas que é, ainda assim, insuficiente para abranger e praticar justiça ao todo. Produzir algo diferente é adotar a perspectiva oposta, que é considerada inimiga ou diabólica. Aliás, o novo sempre é diabólico, já que sua implantação requer um rebuliço no que é percebido como "normal": tudo vira um caos até que a ordem relativa ao novo se estruture e acomode a todos. Ao longo da história, isso ocorreu com várias inovações que quebraram antigos costumes: o rock, a ciência sobre a religião, seitas modernas, uma nova moda, um costume recente, etc.
Nenhum partido por si só representa a nação inteira. A versão completa abarca a luz e a escuridão. |
Ao se identificar - "Eu sou o governo", "Eu sou o povo", "Eu sou as instituições" - tomou mais do que pertencia a si. Pensou-se maior do que sua verdadeira medida. Inflacionou-se. Outro sintoma dessa inflação é a pretensão de atuar como ditadura, uma espécie de grande rigidez da consciência, uma intensa cisão psíquica, o que configurou, por exemplo, na intenção de censurar ou limitar a imprensa. O louvor do poder pelo poder acabou por degenerar em corrupção, já que não ocorreu uma distribuição equilibrada de recursos à consciência, aos instintos e arquétipos, mas sua usurpação pelo complexo-PT com que o eu-governo se identificou. Essa luta pelo poder parece ocultar uma espécie de medo de ser novamente relegado ao esquecimento, de ser desvalorizado e humilhado. Entretanto, o que ocorre com um balão inflado, com o tempo? Naturalmente, ele murcha até adotar a exata dimensão do seu ser real. Como partido que nunca teve o aval da psíquica nação, ao assumir, adotou posturas infantis e ações primitivas, inadequadas, ocorrência idêntica à inflação no contexto de um indivíduo. Alguns petistas, em um momento de lucidez, ousaram afirmar que, como nunca governou, "quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza". E este é o ponto exato: não saber como se comportar adequadamente na direção da nação. Outros, delirados com o partido, não levam em consideração os demais, adotando um procedimento unilateral, tomando a parte pelo todo.
Assim, não penso que o PT ou qualquer outro partido deva ser banido ou destruído, pura e simplesmente. Fazer isso é torná-lo mais sombrio, é mandá-lo de novo ao "inconsciente", de onde um dia há de voltar, talvez mais rude do que antes. Querendo ou não, ele representa parcela significativa do povo brasileiro, seus costumes, suas atitudes. Odiá-lo é, em uma perspectiva mais profunda, odiar a própria sombra que ora se projeta sobre o partido. Agora é momento de reflexão, de "baixar a bola" e se julgar com isenção, com mais maturidade, seja pelo PT, seja por cada cidadão brasileiro. O reconhecimento da culpa trará mais maturidade para que, mais adiante, quem sabe possa elevar-se novamente a uma posição dirigente, com menos presunção e mais equilíbrio. O maior mal da política é não saber administrar o poder, seu principal instrumento. Este deve servir ao povo, à nação, à totalidade, não a uma porção.
RESSALVA: a comparação que faço aqui é aproximativa e limitada. A análise dos grupos e instituições não se estende aos indivíduos que os compõem. A associação dos conceitos psicológicos com partidos não tem fim depreciativo, pois quaisquer dos primeiros representam sempre figuras essenciais e muito importantes à psique coletiva.
RESSALVA: a comparação que faço aqui é aproximativa e limitada. A análise dos grupos e instituições não se estende aos indivíduos que os compõem. A associação dos conceitos psicológicos com partidos não tem fim depreciativo, pois quaisquer dos primeiros representam sempre figuras essenciais e muito importantes à psique coletiva.
(Leia mais a respeito: "Extinção ou renovação de valores?",
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