sexta-feira, 25 de março de 2016

Renascimento sensorial: um novo nome para uma antiga arte



     Gostaria, primeiro, de remeter o leitor à matéria do artigo "Renascimento sensorial - o novo Santo Graal da psicologia". Nela, em resumo, a pessoa é levada a aprender como prestar atenção nos sintomas corporais do seu transtorno de humor, durante um momento. Com isso, as emoções "negativas" passam, e o indivíduo pode retomar sua interação com as situações problemáticas sem respostas emocionais exacerbadas. Nas palavras de Pascale Senk, autora do texto:
Conseguir permanecer neste estado de “não-ação" do qual falam muitas tradições espirituais, especialmente as asiáticas como o budismo, o taoísmo e o zen. Tornar-se um observador dos grandes fluxos de energia que passam pelo corpo, sem se opor a eles. «O que Luc Nicon descobriu e formalizou na fórmula  do “renascimento sensorial” está hoje no cerne das terapias mais inovadoras do momento", avalia a Dra. Christine Barois. Terapias comportamentais e cognitivas, meditação da atenção plena, EMDR (EMDR: Eye Movement Desensitization and Reprocessing), terapia da aceitação, etc. 
Esses métodos também colocam muita ênfase no conceito de formação e fortalecimento da atenção. Quanto mais os praticarmos, mais fácil se tornará sua prática, e mais gratificantes os resultados.
     Portanto, a técnica não é nova, os iogues e budistas que o digam. Por outro lado, o processo e o resultado não é diferente do que ocorre ao cliente de um bom analista. Na análise, conduzida por profissional competente, o indivíduo é conduzido a questionar seus pensamentos, crenças e valores, é induzido a consultar os próprios sentimentos, sensações, ideias e criatividade acerca de seus problemas pessoais, ficando independente da opinião de outras pessoas, e aprendendo a gerir a própria vida. Com o tempo, o analisando fica "afiado" em analisar os diversos acontecimentos, uma vez que se submeteu à análise de sua própria personalidade, tornando-se muito mais objetivo - subentendendo-se aí o significado de "menos envolvido emocionalmente".


     Entretanto, nesses dias de valorização dos processos rápidos, certeiros e efêmeros, e de pouco dinheiro, "dar o bolo pronto", fornecer o "peixe", ao invés da vara de pescar, é mais lucrativo. É difícil encontrar alguém disposto a passar mais de um ano em análise, uma vez por semana, cinquenta minutos em um dia. Mas posso garantir que esse tempo mínimo que alguém pode dedicar a si mesmo por semana pode mudar uma vida inteira. É o melhor investimento que alguém pode fazer a si mesmo, porque vai reverberar em todas as situações da vida. O resultado? Muito mais espontaneidade e liberdade, energia de sobra para muitos outros projetos - e não para remoer toda espécie de fantasia - facilidade de análise, criatividade, dinamismo, etc.
     Mas não percebamos nesse uso frenético do tempo apenas malefícios. Uma vez nomeado, esse processo de "renascimento sensorial" pode ser aplicado com mais eficácia na psicoterapia dos consultórios, muito mais na modalidade "breve", para minorar o sofrimento do cliente com mais eficácia e agilidade. Sua intervenção pontual será sempre aconselhada. Tudo o que vem a somar é benéfico.

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